Fabio Awards: Música 2011

 

WARNING! A lista de indicados e vencedores que descorrerei daqui pra frente está postada no Séries 24h no tópico Music Awards 2011, a partir daqui.

Primeira tentativa num prêmio desses de música e acho que estou muitíssimo satisfeito com o resultado. MUITO mais difícil que compilar uma lista de filmes ou séries, essa de músicas tem simplesmente muita coisa pra ouvir e, sempre, termina faltando alguma coisa. De qualquer forma, acho que ouvi suficiente para montar line-ups fortes em quase todos segmentos. Como eu expliquei em algum momento, tive dificuldade nos category placements e acho que refaria muita coisa se tivesse mais tempo. Numa próxima edição (?) tentarei ser mais criterioso, mas todos aqui sabem o quão tênue é a linha entre os estilos musicais. Alguns comentários sobre cada campo:

A junção de Country com Folk é algo que pretendo repensar, Folk é um gênero tão abrangente que poderia muito bem ter incluído Fleet Foxes, Tiê, até The Decemberists e estariam bem adequados. Inevitável que Alison Krauss dominasse o segmento apesar de não ter conquistado espaço no General Field – foi, entretanto, finalista em Record Of The Year com Paper Airplane. Miranda Lambert, além do seu trabalho solo ótimo, é um dos membros do trio Pistol Annies que foi a melhor descoberta que fiz dentro desse gênero. Cd do Ryan Adams é ótimo também e fiquei feliz que ganhou espaço.

Dance foi disputadíssimo esse ano. Reflexo da popularidade do electropop? Muito provável. Cut Copy e The Weeknd beiravam entrar em Alternativo, mas fazem muito sentido aqui também. Tive que dividir o amor entre Robyn (Body Talk, cd excepcional), M83 (com o hit do ano) e The Weeknd (melhor descoberta do segmento). Tive que destacar também a parceria bizarra, mas absolutamente impressionante entre Kanye West e BonIver, dois dos artistas mais criativos no ramo. Ellie Goulding e Oh Land também enriquecem a lista de indicados e sugiro que todos as ouçam também.

Rap-Hip Hop foi o Kanye West show e não poderia ser de outro jeito. My Beautiful Dark Twisted Fantasy é uma OP que flerta com tantos estilos e é tão bem sucedida nas mais diversas empreitadas que foi difícil dizer não a uma vitória em álbum. O dueto com Jay-Z, apesar de não tão bom quanto, é sem dúvida especial e trouxe diversas canções que adoro. Drake tem um cd maravilhoso também que poderia facilmente vencer em outro ano.

Preciso comentar R&B. As escolhas são as mais estranhas, embora, repita estar satisfeito com todas elas. The Lady Killer é ótimo, faria um vencedor incrível na categoria de álbum, mas como seu forte é justamente os vocais do Cee-Lo como cantor, preferi premiá-lo nesse aspecto. I Want You (Hold On To Love) é seu melhor single – dos lançados no período de elegibilidade – e ilumina justamente o que tem de melhor no cd (abrindo espaço pra uma distribuição maior de amor nas demais categorias). Não entendi a surpresa com a escolha de Countdown. Não é dos vocais mais fortes da Beyonce, contudo, é a música mais criativa, memorável, upbeat e rica que o cd trouxe. Falando em criatividade e upbeat, Frank Ocean venceu a categoria de cd por ter trazido tudo isso no maravilhoso Nostalgia, Ultra. Seja nas suas músicas originais absurdas de boas (Novacane, Swin Good...), os samples que usou no cd em outras músicas deram um toque de frescor e escutá-lo é uma experiência extramente prazerosa e bem vinda. Poderia muito bem ter entrado na categoria de Revelação, mas achei que seu prêmio aqui seria suficiente.

Em POP, eu precisava reconhecer o belíssimo ano que Adele teve, daí suas vitórias. Não acho que precisam de muita explicação. Entretanto, Patrick Wolf é meu favorito do segmento. Não bastasse a transformação brutal de um artista pessimista e excêntrico para um romântico no topo do reconhecimento de tal condição, ele conseguiu trazer todo seu folclore musical pras músicas mais expressivas e líricas do ano. Aproveito para justificar sua vitória na categoria principal reafirmando e frisando o quão completo, imponente e expressivo é o álbum como um todo, além de implacável faixa por faixa.

Grouplove é o tipo de banda que temo não agüentar o hype (já pequeno) por muito tempo. Não me impediu, porém, de premiá-los com a ótima Colours, a apresentação deles no Letterman reacendeu minha paixão por ela e é uma bela dica para conhecer a banda. Seu cd é digno de chance também, nem que seja pelo título genial. Apesar das críticas, gosto bastante de Angles do The Strokes e Under Cover Of Darkness – a faixa mais forte do cd – foi a música que mais pontuou em 2011 nesse campo. The Drums venceu a categoria principal do gênero sem muita dificuldade, porque apesar de não ter um hit tão potente quanto Under Cover Of Darkness (Money chega perto, apenas), é o cd, de longe, mais coeso e consistente. Extremamente bem recomendado.

Alternative terminou como o segmento mais lotado e devido a isso, cortes precisaram ser feitos. Com muita tristeza, St. Vincent terminou não achando o espaço que merecia. Não tenham dúvidas que continua sendo melhor que muitos outros CDs que conseguiram mais indicações. Quanto aos vencedores, eu queria gostar mais de Ceremonials como álbum, tive (e tenho) dificuldade de escutá-lo na integra, por isso não o indiquei na categoria principal. Independente disso, Shake It Out e What The Water Gave Me são faixas belíssimas que funcionam maravilhosamente bem. BonIver, Fleet Foxes, Lykke Li e PJ Harvey poderiam alternar os outros prêmios. Amo incondicionalmente os quatro, apesar de ter uma leve preferência pelo cd da PJ e do Iver que acabaram dividindo canção (para a maravilhosa Holocene) e álbum (pro apaixonante Let England Shake). Acredito que foi o gênero mais bem representado do ano.

Chegando no General Field, as vitórias são muito mais partes de um contexto que de análises individuais. Admito não conseguir, em minhas premiações, fazer essa distinção muito bem. Por isso o prêmio à Lady GaGa como um tributo ao sucesso e repercussão de seu single que tanto cresceu ao longo do ano, ainda que sua competição seja mais ‘showy'. Fleet Foxes, que também não poderia sair de mãos abanando, levou grupo com a inquestionável faixa título, das melhores composições do ano.

Na hora de distinguir Record e Song Of The Year meu critério foi o seguinte: em Record eu priorizei a produção e o arranjo entre artista e composição, não sei se me fiz claro, mas basicamente, a música como partes isoladas que trabalham bem juntas e separadas; em Song eu observei o resultado final e já coeso de todo esse processo, o que termina sendo mais flexível a canções que se amparam mais desigualmente em algum elemento. Bon Iver levou record com a brilhante Holocene e M83 com Midnight City levou Song.

Termino só alertando (se é que alguém chegou a ler até aqui): espero que não levem os vencedores tão a sério e foquem-se mais nos indicados já que eles representam melhor o que eu verdadeiramente quis destacar com o prêmio. Defendo todos meus escolhidos com unhas e dentes, mas a ideia do prêmio é muito mais honrar e pintar um quadro geral que selecionar e pontuar campos tão abrangentes como esses de música. Espero que tenham gostado e busquem ouvir os indicados e vencedores :)

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